Conheça a história e o significado do Marco Zero de São Paulo

Mais do que um marco rodoviário, monumento na Praça da Sé representa também a forma como paulistanos viam seus vizinhos nos idos de 1930

Por Maurício Brum
Atualizado em 28 Maio 2025, 19h03 - Publicado em 26 Maio 2025, 18h00
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Placa sobre o Marco Zero destaca as estradas na época da instalação do monumento (Deni Williams/Wikimedia Commons)
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Posicionado na Praça da Sé, o Marco Zero de São Paulo marca tradicionalmente o “centro” da capital paulista – embora essa posição não tenha sido exatamente a mesma ao longo do tempo, já que se trata do quarto monumento do tipo na história da cidade.

O atual, porém, acabou sendo consagrado pelo advento do transporte rodoviário moderno. Instalado em 1934, foi acompanhado pela expansão da rede pelo estado e pelo país, reforçando sua função primordial: afinal, é dali que partem todas as distâncias para as ruas e estradas que se irradiam a partir do município de São Paulo.

O Marco Zero é um ponto turístico tradicional para quem visita a área central da capital, e conta com alguns elementos peculiares que ajudam a contar um pouco da história da cidade.

História do Marco Zero

Três “Marcos Zeros” anteriores acabaram fracassando na tentativa de criar um ponto inicial para as estradas que partiam da capital. A antiga Catedral da Sé, que ocupava o mesmo espaço da atual, foi um desses marcos, e também guiou os seguintes, como quando uma de suas torres – em vez de um monumento – chegou a ser usada como ponto inicial.

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Monumento foi instalado na localização atual em 1934 (Isabella T/Wikimedia Commons)

Mas, com a demolição da velha igreja em 1911, a cidade e o estado ficaram sem um ponto consensual para o importante destaque geográfico, que também servia para orientar as numerações de linhas ferroviárias e até telefônicas. Estradas abertas nas duas décadas até a consolidação do novo Marco Zero com frequência utilizavam pontos definidos aleatoriamente ao longo da cidade ou em seus arrabaldes.

Como seria de esperar, o modelo acabou gerando confusão, até que surgiu um novo movimento para voltar a ter um monumento desse tipo.

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Para cada lado, um símbolo

O Marco Zero atual foi consequência de uma proposta da Associação Paulista de Boas Estradas e, embora tenha sido solicitado em 1921, tardou outros 13 anos para sair do papel.

Hoje um ponto turístico muito fotografado por quem a pelo centro, o monumento é um bloco de mármore em formato de hexágono, encimado por uma placa de bronze com o traçado de estradas que partem de São Paulo.

O grande destaque da obra, porém, são os adornos feitos pelo escultor francês Jean Gabriel Villin: um para cada uma das seis faces do hexágono, com representação de seis lugares para onde o Marco Zero aponta.

Além da referência geográfica, esses lados também ganharam símbolos que representavam algo da imagem que os paulistanos tinham de cada um desses lugares naquela época. Os seis símbolos são os seguintes:

1. O Rio de Janeiro, no sentido nordeste, é representado pelo Pão de Açúcar.

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2. Santos, a sudeste, tem como ícone um navio a vapor, em referência ao porto tão importante para a economia paulista (e brasileira).

3. O Paraná, ao sul, é representado por sua árvore-símbolo, a araucária.

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Detalhe dos ícones do Rio de Janeiro e Minas Gerais no Marco Zero de São Paulo (Marinelson Almeida/Wikimedia Commons)

4. Goiás, a noroeste, tem como emblema uma bateia, instrumento circular utilizado por garimpeiros para separar os metais preciosos de outros sedimentos.

5. Minas Gerais, ao norte, também tem ícones associados à extração de riquezas minerais, mas, neste caso, no subterrâneo – uma picareta e uma lanterna.

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6. Já Mato Grosso, a sudoeste, carrega uma iconografia associada à expansão territorial proporcionada por figuras cultuadas no imaginário paulista da época, os bandeirantes. Seu símbolo inclui armas e armaduras utilizadas por eles na exploração do interior do Brasil.

O que ver nas proximidades do Marco Zero de São Paulo

Aproveite que está no marco zero para visitar pontos de grande relevância histórica e turística para São Paulo. A começar pela Catedral da Sé, em estilo neogótico e que acomoda até 8 mil pessoas. O templo tem torres de 92 metros de altura e pé-direito interno de 65 metros. Repare nos dois mosaicos laterais, em estilo bizantino, e nos elementos brasileiros, como o tucano e o tatu, esculpidos no topo das colunas da entrada. A catedral serve um brunch em alguns finais de semana do mês, saiba as datas.

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A um pulo dali está a Caixa Cultural, que sempre tem exposições temporárias e ainda um andar inteiro que conta a história da instituição financeira que foi crucial para a economia do país – uma das janelas reserva uma vista e tanto para a Catedral da Sé. A poucos os você encontra, lado a lado, na rua Roberto Simonsen, o Solar da Marquesa de Santos e a Casa da Imagem, que costumam abrigar exposições temporárias. Dobrando a esquina e você chega na nova sede do Museu das Favelas, que ocupa um incrível casarão.

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Pronto: você estará em pleno Pateo do Collegio e Museu Anchieta, um marco fundamental da cidade. A construção já não é a mesma de 1554, quando foi criada a escola de jesuítas que deu origem a São Paulo. Daquela época, só resta uma parede de taipa de pilão, de 1585. O Museu e a Capela Padre Anchieta foram erguidos em 1979, após o edifício ter servido de Palácio dos Governadores (a partir de 1765) e de Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (a partir de 1932). O legado histórico reside no local de fundação da capital paulistana e no acervo do museu, composto de quase 700 objetos, entre os quais estão as relíquias do beato numa sala da igreja, uma maquete da cidade e obras de arte sacra; saiba mais.

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